A flora vaginal e sua relação com o HPV

O estudo da microbiota (conhecida como “flora”) nos diferentes aparelhos do corpo humano e o entendimento de sua importância no funcionamento do nosso organismo é uma das áreas que mais crescem. Hoje sabemos da importância da composição da microbiota e de sua relação com diferentes doenças, como câncer colorretal e dermatite.

Ao contrário do que ocorre no resto do nosso organismo, em que a microbiota é considerada saudável quando ela é variada, ou seja, quando apresenta diferentes tipos de bactéria, no trato reprodutor feminino é esperado que haja baixa diversidade bacteriana e prevalência de uma ou poucas espécies de Lactobacillus. Quando ocorre diminuição da população de Lactobacillus com associação do crescimento de bactérias anaeróbias, como Gardnerella e Mobiluncus, temos um quadro conhecido como vaginose bacteriana.

Os Lactobacillus representam um fator protetor importante tanto na aquisição quanto na persistência do HPV e no desenvolvimento e progressão das neoplasias intraepiteliais. A produção de ácido lático pelos Lactobacillus e a consequente manutenção de um pH vaginal mais ácido produzem uma “barreira” que inibe a colonização da vagina por outras bactérias e também pelo HPV. Por outro lado, mulheres com vaginose bacteriana apresentam maior risco de infecção pelo vírus, devido a perda da barreira protetora ocasionada pelos Lactobacillus.

Diversos estudos sugerem que a administração oral de probióticos de Lactobacillus (preparados de bactérias vivas) tende a melhorar a microbiota vaginal. Acredita-se que as bactérias sejam capazes de atingir a vagina através do ânus e da pele do períneo e da vulva.  No entanto, mais estudos são ainda necessários pra compreender melhor a relação entre a vaginose bacteriana e a infecção pelo HPV. É possível que os probióticos se apresentem como uma grande opção terapêutica no tratamento e na prevenção de ambas as condições.

 

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Referência bibliográfica:

Mitra A, MacIntyre DA, Marchesi JR e cols. The vaginal microbiota, human papillomavirus infection and cervical intraepithelial neoplasia: what do we know and where are we going next? Microbiome. 2016; 4: 58. doi:  10.1186/s40168-016-0203-0

 

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