Estrias e gravidez

As estrias são lesões lineares, que são mais freqüentemente encontradas em região de mamas, abdome, quadris e coxas. A localização das lesões depende, em parte, da circunstância em que elas se desenvolvem. Na gravidez, elas costumam aparecer no abdome e na mama. Geralmente, elas se iniciam como lesões avermelhadas e, ao longo do tempo, perdem pigmentação e ficam atróficas, com aspecto esbranquiçado. Podem, ocasionalmente, ser pruriginosas. As estrias se desenvolvem em até 90% das mulheres durante o sexto e o sétimo mês da gestação, sendo que em 43% das pacientes elas aparecem antes da 24ª semana. Sua etiologia é desconhecida até o momento e há poucos trabalhos sobre o assunto.

As estrias podem se desenvolver em uma variedade de circunstâncias, algumas envolvendo o estiramento físico da pele, como grandes aumentos de peso ou estirão de crescimento do adolescente, e outras envolvendo alterações hormonais, como no uso crônico de esteróides ou na síndrome de Cushing. Na gravidez, dois fatores principais parecem estar relacionados ao seu surgimento. O primeiro é o condicionamento da pele pelo nível aumentado de estrógeno e relaxina. O segundo fator é o alongamento físico sobre a derme, causando interrupções no colágeno. São encontradas mais em mulheres que ganham muito peso e nas mais jovens. Há relação também com predisposição genética, história pessoal e raça.

Nenhuma terapia provou definitivamente sua eficácia em prevenir o desenvolvimento de estrias durante a gravidez. São utilizados para este fim massagem com óleo de oliva, cremes emolientes com vitamina E, vitamina C, manteiga de cacau, loção de aloe vera e uso de vitaminas e sais minerais. Algumas terapias não convencionais incluem aplicação de óleo de castor, algas, ácido glicólico tópico ou frutas ácidas ou alcalinas, além de outros cremes homeopáticos e óleos. No entanto, nenhum tratamento tem sua ação comprovada por grandes estudos prospectivos.

O tratamento de estrias pós-parto inclui tretinoína tópica (considerado categoria C pelo FDA e de segurança desconhecida na amamentação) e tratamento a laser, além de peelings com ácido retinóico e baixas concentrações de ácido tricloracético (15-20%). Atualmente, outras terapias incluem o uso de luz intensa pulsada em estrias avermelhadas, lasers fracionados e luz com emissão de UVB em estrias brancas, além de excisão cirúrgica com abdominoplastia nos casos associados a flacidez de pele.

De comprovação científica, os emolientes são produtos seguros e que oferecem papel fundamental na prevenção de estrias, já que melhoram a quantidade de umidade da pele e podem modificar potencialmente as propriedades mecânicas destas. Há duas formas de hidratação da pele: forma ativa, com substâncias que formam o fator natural de umectação (ex: lactato, ácido pirrolidônico, uréia) e forma passiva, com compostos emolientes e oclusivos (ex: glicerina, vaselina, óleo mineral, silicones, lanolina, sorbitol). Destes produtos, o mais controverso em relação à gestação é a uréia.

Em resumo, o manejo de estrias durante a gestação consiste na tentativa de preveni-las com o uso de emolientes que não contenham uréia e o tratamento das que aparecerem deve ser postergado ao período pós-parto.

Dra. Carolina Corsini
Ginecologista e Obstetra
CRM-SP: 109680

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