Tratamento de lesões pré-malignas do colo uterino por cirurgia de alta frequência

A cirurgia de alta frequência (CAF) é uma das opções de tratamento para alguns tipos de lesão HPV dependentes.

É um procedimento de baixa complexidade, que pode ser realizado em ambiente ambulatorial (consultório) ou em centro cirúrgico. O bisturi de alta frequência vem acoplado com diversos tipos de alças e ponteiras que são escolhidas de acordo com a localização e extensão da lesão (Figura 1).

 

Figura 1 – alças do bisturi de alta frequência

kitgineco

Fonte: http://www.cimed.com.br/bisturi.htm

 

Os procedimentos mais realizados em ginecologia com este tipo de aparelho são:

  • exérese da zona de transformação do colo uterino (EZT ou LLETZ – Large Loop Excison of the Transformation Zone ) – retirada da parte mais superficial do colo, onde normalmente se localizam as lesões.
  • cauterização ou exérese de lesões pré malignas de colo, vulva ou vagina.
  • cauterização ou exérese de condilomas localizados no colo, vulva ou vagina.

A exérese da zona de transformação por CAF (Figura 2) é uma cirurgia amplamente utilizada no tratamento das lesões intraepiteliais cervicais de alto grau por ser uma alternativa segura e mais conservadora em relação à conização clássica.

Na EZT, a parte mais superficial do colo uterino é retirada com alça acoplada ao bisturi de alta frequência. O procedimento deve ser sempre realizado sob visão colposcópica, assegurando a retirada da lesão com margem de segurança (aproximadamente 5mm). Ao mesmo tempo que retira a peça, a alça cirúrgica cauteriza o leito do colo uterino, promovendo melhor controle de sangramento intraoperatório. Após a retirada da peça, é realizada a eletrocoagulação dos vasos sanguíneos. A cauterização do leito cirúrgico promove ainda melhor controle da doença, minimizando o risco de recidiva da lesão, uma vez que ela trata uma possível doença residual.

 

Figura 2 – exérese da zona de transformação do colo uterino por CAF

CAF

Fonte: http://charlessouza.site.med.br

 

O procedimento é realizado em cerca de 30 minutos e normalmente a paciente é liberada para casa logo depois. O pós-operatório geralmente é tranquilo, podendo ocorrer cólicas leves a moderadas e sangramento discreto. A abstinência sexual é geralmente recomendada por 30 dias.

Após o procedimento, o seguimento da paciente é determinado pelo resultado anátomo-patológico da peça cirúrgica e da pesquisa de HPV, de acordo com as Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer de Colo do Útero – 2016 (http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/DDiretrizes_para_o_Rastreamento_do_cancer_do_colo_do_utero_2016_corrigido.pdf).

A EZT pode ser indicada para a maioria das lesões pré-malignas de colo uterino, no entanto, ela apresenta algumas contra-indicações, como as lesões pré-malignas do tipo glandulares, entre outras.

 

O manejo da doença e a realização do procedimento devem ser sempre realizados por profissional experiente.

 

 

Dra. Carolina Corsini
Ginecologista e Obstetra – HPV
CRM-SP: 10968

 

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